O ragtime foi um estilo musical americano que se popularizou no final do século XIX. Seu nome deriva da união das palavras Ragged-time (tempo rasgado) e vem da marcha, sendo caracterizado por sua melodia sincopada. O principal compositor do gênero, que contribuiu para dar-lhe a forma definitiva, foi Scott Joplin, que se tornou conhecido em 1899 com a publicação de sua peça Maple Leaf Rag, a qual, entre outros sucessos, deu ao ragtime sua harmonia e estrutura clássica.
O ragtime é um gênero musical que se originou nas comunidades afro-americanas no final do século XIX e se tornou uma forma de música popular claramente americana.
Caracterizado por sua melodia sincopada e um acompanhamento rítmico regular, o ragtime desempenhou um papel crucial na evolução da música nos Estados Unidos, influenciando o desenvolvimento do jazz e outros estilos musicais.
Ragtime, história do jazz
História do Ragtime
O ragtime começou a emergir por volta de 1890, principalmente em cidades como St. Louis e Nova Orleans. Suas raízes estão ligadas à música das plantações, onde os ritmos africanos e as tradições musicais europeias se fundiram. O termo “ragtime” deriva da expressão “ragged time”, que se refere à síncope rítmica característica do gênero.
O termo “ragtime” vem da palavra “ragged”, que significa “desigual” ou “irregular”, uma referência à sincopação rítmica característica desse estilo musical. A principal característica do ragtime é a sincopação, onde a melodia e o ritmo se alternam de maneira irregular, criando um efeito rítmico animado e dançante.
Embora o ragtime tenha sido fortemente associado a pianos solos, o estilo também se espalhou para outras formações musicais e foi incorporado ao repertório de bandas e orquestras. O estilo de música era popular em locais como salões, cabarets, teatros e casas de dança, e se tornou uma parte importante da vida urbana nas cidades dos Estados Unidos, especialmente em Nova Orleans, Chicago e Nova York.
Durante a era do Jim Crow e a segregação racial, o ragtime foi uma das formas de expressão cultural mais significativas para os afro-americanos, que combinaram influências africanas, europeias e de outros estilos locais para criar algo novo e vibrante.
O primeiro ragtime impresso foi o “Mississippi Rag” de William Krell, publicado em 1897. No entanto, foi Scott Joplin, conhecido como o “Rei do Ragtime”, quem popularizou o gênero com suas composições icônicas, como “Maple Leaf Rag” (1899) e “The Entertainer” (1902). Joplin buscou não apenas criar música para entretenimento, mas também elevar o ragtime a uma forma de arte respeitável.
Durante a década de 1910, o ragtime começou a perder popularidade em favor do jazz, mas teve um renascimento significativo na década de 1970, especialmente após a inclusão de “The Entertainer” na trilha sonora do filme The Sting.
Características Musicais do Ragtime
O ragtime é conhecido principalmente pela sua sincopação. A melodia geralmente segue uma linha rítmica regular e clara, enquanto a mão esquerda do pianista toca uma linha de básico “bass” ou harmonia em um ritmo mais regular, enquanto a mão direita executa melodias rápidas e ritmicamente irregulares. A combinação dessas duas camadas cria um contraste que define o som do ragtime.
Além disso, o ragtime é comumente escrito em uma estrutura de forma binária, ou seja, composta por dois temas principais que se alternam durante a peça. O formato mais popular de uma composição de ragtime é o “AABBACCDD”, onde cada seção tem uma melodia diferente e é repetida, criando uma sensação de “variedade” e “repetição” ao longo da peça.
Outro aspecto importante do ragtime é que, apesar de sua vibração animada, o estilo tem uma qualidade elegante e formada, o que o torna adequado para salões e outros espaços sociais. Ele também se caracteriza por sua acessibilidade — o ragtime não exige habilidades musicais excessivamente avançadas para ser tocado, tornando-o acessível a amadores e músicos profissionais.
Principais músicos e compositores do ragtime
- Scott Joplin: O compositor mais famoso do ragtime, conhecido por suas obras que combinam complexidade melódica com ritmos sincopados.
- James P. Johnson: Considerado um dos principais responsáveis pela transição do ragtime para o jazz, ele introduziu elementos de improvisação que se tornariam fundamentais nesse novo gênero.
- Jelly Roll Morton: Um dos primeiros pianistas de jazz, Morton incorporou o ragtime em suas performances e composições, ajudando a moldar o som do jazz.
- Fats Waller: Outro importante pianista e compositor que trouxe influências do ragtime para o jazz e se destacou por seu estilo exuberante.
- James Scott: Outro compositor importante do ragtime foi James Scott, cujas composições, como “Frog Legs Rag” e “Twilight Rag”, foram fundamentais para o desenvolvimento do estilo. Scott foi influenciado por Joplin, mas também introduziu elementos únicos em sua música, criando um estilo mais “dançante” e acessível.
- Joseph Lamb: foi outro compositor de destaque do ragtime, sendo um dos principais representantes do estilo depois de Joplin. Lamb, que foi um dos poucos compositores de ragtime brancos, teve suas obras altamente respeitadas na cena musical do ragtime. Seus ragtime mais conhecidos incluem “American Beauty Rag” e “Ragtime Nightingale”.
- Eubie Blake: Embora seu nome seja mais associado ao jazz e ao blues, Eubie Blake também foi um importante compositor e pianista de ragtime. Ele começou sua carreira como músico de ragtime e trabalhou ao lado de grandes artistas, como Noble Sissle. Juntos, compuseram obras de grande importância para o teatro e a música americana.
Instrumentos Usados no Ragtime
O ragtime era predominantemente uma música para piano, mas também poderia ser adaptado para pequenos grupos instrumentais. Os principais instrumentos utilizados incluem:
- Piano: O instrumento central do ragtime, onde as melodias sincopadas eram executadas com a mão direita enquanto a mão esquerda tocava um baixo regular. As composições de Joplin e outros compositores de ragtime eram muitas vezes tocadas solo no piano, e o estilo de tocá-lo, com a mão esquerda mantendo uma base rítmica regular e a mão direita tocando uma melodia sincopada, tornou-se uma característica definidora do ragtime.
- Banjo: Embora menos comum nas apresentações formais de ragtime, o banjo influenciou os ritmos iniciais que foram transferidos para o piano.
- Instrumentos de Sopros: Em arranjos orquestrais, instrumentos como trompetes e clarinetes eram frequentemente utilizados para adicionar camadas melódicas às composições.
- Banda de Brass: Nas apresentações de ragtime ao vivo, era comum o uso de bandas de brass (instrumentos de sopro) para criar uma sonoridade mais rica e energética. Trompetes, trombones e saxofones eram frequentemente incorporados para aumentar a dinâmica das performances.
- Percussão: A seção de percussão, especialmente o bombo e o pandeiro, desempenhou um papel importante em muitos arranjos de ragtime, ajudando a enfatizar o ritmo sincopado e a energia das peças.
- Clarinete e Saxofone: Como o ragtime teve grande influência sobre o jazz, muitos dos primeiros músicos de jazz, como Sidney Bechet, usaram clarinetes e saxofones para executar ragtime e outras formas de música popular. Esses instrumentos adicionaram uma sonoridade mais suave e melódica às bandas de ragtime.
Evolução e Influência
O ragtime foi fundamental na formação dos primeiros estilos de jazz. A síncope característica e as estruturas rítmicas do ragtime influenciaram diretamente músicos de jazz posteriores. Embora o gênero tenha perdido popularidade após os anos 1910, seu legado persiste na música contemporânea.
Na década de 1970, houve um ressurgimento do interesse pelo ragtime, impulsionado por gravações de artistas como Joshua Rifkin e William Bolcom. O reconhecimento das obras de Joplin foi consolidado com a reedição de suas partituras e performances em concertos.
O ragtime, embora tenha tido seu pico de popularidade entre os anos de 1890 e 1910, deixou um legado duradouro na música popular. Ele é considerado um precursor do jazz e influenciou profundamente o desenvolvimento do blues, do swing e de outros gêneros musicais afro-americanos.
Além disso, o ragtime também teve um impacto significativo na música clássica americana. Compositores como George Gershwin e Aaron Copland foram influenciados pelas estruturas melódicas e rítmicas do ragtime, o que ajudou a dar forma ao som único da música americana do século XX.
Hoje, o ragtime ainda é apreciado por músicos e entusiastas de música clássica e jazz, com obras de Scott Joplin, como “Maple Leaf Rag”, sendo frequentemente interpretadas em concertos e gravações.
Discos recomendados de ragtime
- From Ragtime to Jazz (James P. Johnson) Columbia – 1939
- The Very Best Al Jolson MP – 1927
- Jelly Roll Morton The Pearls Bluebird – 1939